terça-feira, 20 de outubro de 2015

Sobre o Verbo

Célio Sales

Mesmo em tempos sem ponteiros
Mas despertos, despidos em desgostos
Ouso voltar ao início de tudo
E lembrar a primeira memória de Amor.
E me descubro em escombros
Que ainda assim encontro seu afago.
Ouvi falar de surdos que compunham canções, as mais belas.
O cheiro de flores, de peles que amei mais profundamente que a pele e a alma...
A caridade da gente das praças que visitei,
O primeiro sopro...
O beijo...
De Camões, Coríntios, Agostinho,
Vinicius a Drummond...
Carlitos a Afrodite
Profetas
Não me importa a ordem,
As línguas, os querubins...
mas que amei.
E das que amei, não há desamor,
Mas um pedaço de mim
Sem conserto, cá dentro, que não esconde que amou
Mesmo que doa.
Ou que cure.
Lembro dos olhos de dignidade
De quando chorei quando me vi homem
Do quanto tinha razão ainda criança.
E construía aviões em restos de madeira
Para dizer adeus mais tarde,
E que tanto te amava.
Lembro de minha mãe. Meu pai.
Estou ficando mais velho que eles.
E pela frente vejo jardins enormes,
Praças e flores que nunca vi.
Sentes o cheiro de vento...
É a chuva: há quanto não se divertes nela?
Vejo multidões nas ruas.
Como pulsam.
Deparo com o céu noturno
Que me revela novas estrelas
Seus deuses e deusas
E musas
Indecifráveis
Se de Minas
Rússias
Não me importa o tempo
O espaço.
O Amor transcende
É Sagrado
É secreto
E infindo... e sinto suas mãos e seu pedido: posso?
Lembras?
Ali perdi o medo do escuro.
Dali me levavas para onde quisesses.
Célio Sales
Roda de Conversas, III Congresso Iberoamericano sobre Assédio Laboral e Institudional
Florianópolis, 11 de outubro de 2015.


Um comentário:

  1. Santo Pai! Muito obrigado! Demais da conta!

    Thank you!
    Mutchas Gracias!

    Perderemos todos o medo do escuro,
    E caminharemos juntos, de mãos dadas, para onde quisermos!

    Um grande abraço a todos!

    Célio Sales.

    ResponderExcluir